Belém recebeu o título de Capital Mundial do Brega, concedido pela ONU Turismo, Organização Mundial das Nações Unidas para o Turismo, nesta sexta-feira, 30 de maio de 2025.
O anúncio foi feito durante a reunião do Conselho Executivo da entidade, em Segóvia, na Espanha. A honraria foi entregue ao ministro do Turismo do Brasil e presidente do Conselho Executivo da ONU Turismo, Celso Sabino, paraense de nascimento e defensor ativo da valorização da cultura amazônica no cenário internacional.
O título celebra a riqueza cultural e a força popular do Brega paraense, ritmo já reconhecido como Patrimônio Cultural e Imaterial do Pará desde 2021, por meio de decreto estadual. O reconhecimento global reforça o papel de Belém como epicentro de uma manifestação musical que ultrapassa gerações e fronteiras, ganhando cada vez mais espaço em eventos nacionais e internacionais.
A relação de Belém com o brega se confunde com a própria expansão do estilo musical. Nas periferias da cidade, o ritmo é mais que música: é resistência, lazer, memória e pertencimento. Festas conhecidas como “aparelhagens” — com estruturas de som gigantescas, luzes e DJs — movimentam milhares de pessoas em bairros e comunidades, transformando ruas em pistas de dança.
Do romantismo tradicional ao tecnobrega moderno, esse ritmo tipicamente paraense já viu brilhar fora de suas fronteiras nomes como Pinduca, Wanderley Andrade, Joelma, Gaby Amarantos, Felipe Cordeiro, e Michelle Melody. A fusão de ritmos caribenhos com a música eletrônica popularizou o brega nas redes sociais e plataformas de streaming, dando visibilidade ao gênero para novos públicos e mercados.
O reconhecimento acontece logo após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionar a Lei 5.616/2023, que institui o Dia Nacional do Brega, celebrado em 14 de fevereiro, data de nascimento do cantor Reginaldo Rossi, conhecido como o Rei do Brega, falecido em 2013. A lei é de autoria do deputado federal Pedro Campos (PSB-PE).
Na justificativa do projeto, Campos apontou a importância econômica do brega, que movimenta uma cadeia produtiva significativa — envolvendo músicos, técnicos de som, produtores, estilistas, dançarinos, DJs e vendedores informais — especialmente nas periferias urbanas e zonas rurais das regiões Norte e Nordeste. Estima-se que o setor gere milhares de empregos diretos e indiretos, funcionando como motor econômico e cultural para muitas comunidades.
A capital paraense se prepara agora para intensificar ainda mais a promoção do brega como atração turística e patrimônio cultural mundial, com ações previstas para a Copa das Cidades Criativas da Unesco, que ocorrerá em Belém em 2025, e para a COP-30, conferência do clima das Nações Unidas, também marcada para acontecer na cidade em 2025.